Pai luta para manter tratamento do filho deficiente, no pós-bloqueio da Telexfree


A indisponibilidade das contas da Telexfree em todo o país causou sequelas psicológicas graves em alguns apostadores no Acre. Não são raros os comentários pela cidade de pessoas que amargam prejuízos terríveis e boatos de que até um suicídio foi cometido por um investidor que resolveu se desfazer dos bens da família.
 Pelas normas da empresa, o divulgador obtinha todo o investido, em três meses, com ganhos livres pelos próximos nove meses. O problema é com aqueles que não conseguiram resgatar pelo menos o que investiram, após a suspensão das contas pela juíza Thaís Aboul Khalil, da 2ª Vara Cível do Fórum Barão do Rio Branco.
 Este é o caso, por exemplo, do professor Elimar Bezerra. O filho dele, de 4 anos, é especial. Antes de resolver investir na Telexfree, já morava de aluguel e contava com uma verba de suplemento alimentar fornecido pelo estado.
“Eu não estava mais conseguindo e acreditei então que a Telexfree seria a luz no fim do túnel para manter meu filho em condições mínimas de dignidade. Foi quando ia para o terceiro mês e veio a bloqueio”, conta Bezerra, que tinha investido em três planos families, no valor de R$ 9,4 mil.
“Como cada um daria e média R$ 800 por mês, eu conseguia pagar meu aluguel e manter os custos com a saúde do meu filho, que não fala nem anda”, diz o professor.
 Como resultado dos bloqueios, o professor teve que se mudar para uma chácara da família e agora custear o que foi cortado para seu filho com o salário da Educação. “Ficou mais difícil agora, mas vou vencer com a ajuda de Deus”, pontua o docente, reunindo forças para prosseguir.
 O pequeno comerciante H. L. O., de 43 anos, investiu ao menos R$ 100 mil. “As pessoas me dizem que sou ganancioso. Não sou. Acho que todo mundo tem vontade de crescer financeiramente, de poder ajudar a família e pena que a gente é induzido a fazer coisas que não conhecemos bem. Acabou dando nisso”, conta ele, que prefere não se identificado por receio de chacotas.
 Rose Freitas, do setor comercial de uma empresa privada, diz que o seu problema vai mais além do simples bloqueio.
“Estive no Pará, onde convenci pessoas a entrarem na minha rede. Elas pagaram cerca de R$ 20 mil. Hoje, para não vê-las também prejudicadas, estou providenciando o ressarcimento por meio de um novo empréstimo”, conta ela.
 Estima-se que a empresa tem mais de 70 mil cadastros, somente no Acre. Mas diferente da BBom, na qual a Justiça bloqueou apenas os bens e a conta da empresa, o maior caos é em decorrência da suspensão total do sistema, investigado por suposta prática de “pirâmide financeira”.

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