Três construtoras paraibanas estão entre as 100 maiores do Brasil

Três empresas paraibanas figuraram ano passado ao lado de gigantes da construção como MRV e Toledo Ferrari na lista das 100 maiores construtoras do Brasil no Ranking ITC 2017, da Inteligência Empresarial da Construção (ITC). A Alliance Empreendimentos, que tem sede em João Pessoa, ficou em 58º lugar; a Andrade Marinho LMF, de Campina Grande, em 72º; e a Massai Construções, Incorporação e Participações, de João Pessoa, em 73º.



O desempenho demonstra que o mercado de construção civil na Paraíba vive um momento positivo, apesar da crise pela qual ainda passa o país: no primeiro trimestre de 2018, a venda de imóveis em João Pessoa cresceu 20% em relação ao mesmo período do ano anterior, com 1.075 unidades habitacionais vendidas, conforme o Sindicato da Indústria de Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon). Segundo o sindicato, o estoque de imóveis na região metropolitana da capital vem sendo reduzido lenta mas gradualmente desde outubro de 2016. Além disso, os bancos vêm reduzindo seguidamente os juros para quem quer financiar um imóvel, ajudando a aquecer o mercado.

Estratégias para sobressair na crise

Segundo Hugo Montenegro, diretor executivo da Alliance Empreendimentos, a inclusão de empresas do Estado em um espaço de renome nacional é reflexo da maneira com que as construtoras lidaram com o cenário de crise – já que, apesar do destaque do setor de construção civil no Estado, o último ano trouxe uma série de dificuldades.

“Este ano de 2018 se apresentou com um ano de muitas incertezas políticas e econômicas”, avalia. “Temos dois fatores importantes que impactam diretamente no consumo: o primeiro foi o enfraquecimento da agenda de reformas, onde o equilíbrio fiscal é fundamental para garantir um crescimento sustentável do país; e em segundo lugar, as eleições”, complementa.

Para Allison Delmas Nunes, sócio e diretor administrativo da Massai, as empresas do ramo de construção civil souberam lidar com a desaceleração econômica e evitar custos desnecessários durante esse período. “As construtoras estão fazendo o dever de casa através do corte nos custos administrativos, promoções para viabilizar as vendas e redução do estoque, e utilizando uma lupa na análise de viabilidade para novos negócios”, afirma.

A opinião dos empresários é compartilhada por João Henrique, diretor executivo da Sinduscon. Segundo ele, as construtoras que atuam no Estado vêm conseguindo driblar o difícil cenário econômico e, embora os resultados não sejam tão positivos quanto os verificados antes de 2016, boa parte do calendário de entregas foi mantido. “O momento é mais de manter o nível do que tentar expandir os negócios de forma mais agressiva”, acredita.

Cenário exige criatividade

Esse contexto que se coloca – no Brasil e no Estado – exige abordagens mais criativas e diversificadas por parte das empresas, que devem enxergar os momentos de crise como desafios a serem impostos e não como barreiras que impõem a estagnação. “Em momentos como esses é que surgem também as oportunidades. Empresas sólidas e com credibilidade podem oferecer boas alternativas de investimentos nesse momento”, diz Montenegro.

E as três construtoras paraibanas pareceram aproveitar essas alternativas. Atualmente, a Massai e a Andrade Marinho contam, cada uma, com três empreendimentos em ritmo normal de obras; e a Alliance está com seis canteiros em execução, o que ajuda a explicar o bom posicionamento das empresas no cenário nacional e o crescimento do setor na Paraíba.

“Essa classificação [no ranking ITC] é um reflexo do alto potencial e força do mercado da construção civil da Paraíba, que nacionalmente tem se destacado com projetos de excelente qualidade, e extremamente verticalizados”, avalia Delmas Nunes. “Quem visita João Pessoa e Campina Grande geralmente se surpreende com o desenvolvimento imobiliário conquistado nos últimos anos”, diz.

Captação de novos talentos

Considerando todo o setor de construção civil no Estado o saldo de empregos atual é negativo. Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, em maio deste ano o setor contratou 1.253 trabalhadores, ao mesmo tempo que demitiu 1.544 – um resultado negativo de 291 postos de trabalho fechados na Paraíba. Apesar disso, as construtoras continuam a investir em mão-de-obra para evitar uma defasagem mais acentuada.

Segundo Montenegro, um dos fatores que ajudou a consolidar a posição da Alliance entre as maiores empresas do setor no Brasil foi justamente as relações que ela construiu ao longo do tempo – não apenas com os clientes, mas também com o mercado e com os trabalhadores. Atualmente, a Alliance emprega cerca de 600 pessoas nos mais diversos níveis. A Massai, por sua vez, gera 450 empregos diretos e 1.500 indiretos.

Um dos enfoques das empresas é o grupo de jovens arquitetos e engenheiros recém-saídos das universidades paraibanas – atualmente, todas as instituições públicas do Estado oferecem cursos relacionados ao setor, além das graduações privadas. “Temos um programa de seleção de estagiários bem criterioso na empresa. Acreditamos que essa nova geração será a cara da empresa no futuro, iniciar cedo na empresa e absorver a cultura de gestão da organização é um fator determinante na formação de carreira”, diz o diretor executivo da Alliance.

Na Massai, a seleção de estudantes para cargos de estágio se dá através do programa Jovem Aprendiz. “Entendemos que o novos talentos são o futuro da nossa empresa; basta acreditarmos neles, entregando responsabilidades, dando autonomia e supervisionando suas atividades, e com isso temos conseguido garimpar alguns talentos e desenvolvê-los”, conta Delmas Nunes.

Expansão dos projetos

A Paraíba não é o limite: tanto a Massai quanto a Alliance, estimuladas pelo bom resultado no ranking ITC, já expandiram sua atuação para além do Estado. A Massai atualmente desenvolve projetos também na cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte: já lançou um empreendimento e um outro, um residencial está atualmente em obras. A Alliance, por sua vez, atua na capital potiguar, Natal. Para Delmas Nunes, a geração de emprego e renda aliada ao sucesso dos empreendimentos é a fórmula que vai ditar os próximos anos da Massai.

Montenegro considera que, apesar das dificuldades, o setor está sempre evoluindo, o que possibilita levar o nome e a expertise da Paraíba para outros Estados. “Atualmente estamos trabalhando intensamente no desenvolvimento de novos projetos. O mercado, certamente, reagirá e demandará por novos produtos. Tem muita coisa legal acontecendo, estamos pesquisando, visitando outros locais e aprendendo”, conclui.

http://www.jornaldaparaiba.com.br/vi...-nacional.html

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