Roger
Mahony, cardeal e ex-arcebispo de Los Angeles (EUA), em cuja gestão
ocorreram centenas de casos de abusos de menores por parte de
sacerdotes, estará no conclave que vai eleger o novo papa, assim como
esteve em 2005, na escolha de Bento 16.
O jornal
italiano “La Repubblica” informa neste domingo (17) que a associação
americana “Catholics United” (Católicos Unidos) pediu para que o cardeal
não participe da eleição do novo pontífice. O pedido também foi feito
por representantes de vítimas dos casos de padres pedófilos, como
Kristine Ward, da “National Survivor Advocates Coalition”.
O cardeal
Mahony não denunciou às autoridades alguns dos casos de abuso sexual de
sacerdotes ocorridos há várias décadas e, por isso, foi suspenso de
suas funções na arquidiocese de Los Angeles pelo arcebispo José Gómez.
Após o
anúncio de renúncia de Bento 16, que será efetivado em 28 de fevereiro,
Mahony qualificou o papa como um “extraordinário sucessor de João Paulo
2º” e manifestou sua intenção de participar da eleição do próximo
pontífice.
“Planejo viajar em breve a Roma para
agradecer pelo serviço que prestou à igreja Bento 16 e participar da
eleição” de seu sucessor, acrescentou em comunicado.
Com isso,
gerou-se uma polêmica, já que o cardeal terá que testemunhar antes de
viajar a Roma, em 23 de fevereiro, pelo caso de abusos por parte de
padres da arquidiocese que administrava.
Mahony
terá que responder aos advogados das vítimas –em particular, no caso do
padre Nicolás Aguilar Rivera, da arquidiocese de Los Angeles, que após
as denúncias de algumas das vítimas fugiu ao México, seu país de origem.
Segundo
as acusações, após as denúncias das famílias das vítimas, a igreja fez
de tudo para atrasar a detenção, e assim foi possível a Aguilar Rivera
fugir para o México, sendo suspenso tempos depois.
Esta não é
a primeira vez que o cardeal americano depõe em processos legais por
casos de pedofilia, mas no próximo dia 23 o fará depois que a
arquidiocese de Los Angeles revelou documentos confidenciais relativos a
cerca de 120 padres acusados de abusos sexuais.
Nesses
relatórios, se dizia que a atuação de Mahony esteve marcada pela
proteção aos sacerdotes acusados e por sua intenção de evitar que os
casos fossem divulgados.
Em 2007, a Igreja Católica americana indenizou mais de 500 vítimas em US$ 660 milhões, no total, após um acordo extrajudicial.
A ira das
vítimas cresceu nos últimos dias, depois que o arcebispo José Gómez,
que substituiu Mahony à frente da arquidiocese, pediu orações pelo
cardeal por sua participação no conclave, que será realizado em março.