Historiador guarabirense escreve artigo sobre a vida de “Madame Arara”

 A BOEMIA PERDE AQUELA QUE FOI MAIS GLAMOROSA DE SUAS DAMAS

Morreu nesta madrugada de carnaval, por volta de 01h45min, no hospital São Vicente de Paula, Maria de Lourdes Rocha Evans Heynom, ou simplesmente “Madame Arara”, vitima de problemas cardiorrespiratórios e osteoporose, de acordo com seus familiares.



Nascida no dia 23 de Março de 1930, na cidade de Esperança – PB, no maciço do Planalto da Serra da Borborema. Mas foi em nossa Guarabira, que viveu o período áureo de sua vida. Recebeu o pseudônimo de Madame Arara, por um, dos frequentadores de sua boate. Motivo era porque, ela criava uma ave silvestre dessa espécie. E tanto a arara, como a Madame possuíam uma correntinha em seus tornozelos, bastante peculiar de sua então vaidade.

A vida de Madame Arara, é marcada por três períodos, são eles: O primeiro período que vai de sua infância ao casamento, aos 17 anos. O segundo período dá-se da sua separação com aproximadamente um ano de matrimonio. É quando desperta em si mesma, uma busca de ostentação, desejo e fantasia. Concretiza-se como o maior e longo período de sua vida, que vai até auto-reconhecimento de sua idade avançada, e definitivamente resolve encerrar, com as atividades noturnas de lupanar, no ano de 1996. O terceiro e último período aconteceu em 29 de Setembro do ano de 1998, quando ela converte-se ao Evangelho, por sua vez, passa a congregar na igreja evangélica de Deus no Brasil, em Guarabira.

 Dodge Dart

A partir da daí passa a dedicar-se mais aos seus filhos Werbistes e Sandra fruto de seu único matrimonio, e como também a Jaqueline, esposa do vereador José Ismai, sendo ela uma de suas sobrinhas, que a registrou como filha. O notabilizado empresário Rogério das Chuteiras era seu primo de segundo grau. Já o pai dele, o sapateiro Raimundo Nicolau, era primo de primeiro grau. No aconchego de seus sobrinhos, irmãs e irmãos, foi onde encontrou momentaneamente um conforto familiar. Alias foi nos braços da sobrinha Elaine Cristina Rocha, no leito do hospital, que Maria de Lourdes Rocha Evans Heynom, agora irmã Lourdes, si despediu de nós, desta para outra vida em sua última viagem. 

Seu corpo foi sepultado, na mesma terça-feira de carnaval no dia 12 de Fevereiro de 2013. Em uma tarde ensolarada por volta de 15h30min. Quis o destino, que fosse em um carnaval, pois dizia ela, – Era a festa que eu mais gostava. Atendendo a um desejo seu, no Necrópole Bom Jesus em Guarabira, junto com sua mãe e uma irmã, repousa sua matéria. Sua alma foi encomendada ao Criador, Deus, Nosso senhor Jesus Cristo.

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 Puma

Sua marca registrada, sempre foi, a elegância, charme, fineza e educação. Possuidora de um discurso eloquente, a sua lucidez, era uma narrativa constante. Lembrava muito bem das boates onde passou. A exemplo, Boate 70, situada no centro da cidade do Recife antigo, de propriedade de Madame Fernandes. Essa marcou, por ter sido a primeira boate que frequentou, após sua separação, aos 19 anos em 1949. Ainda passou pela boate de Maria Boa entre o Alecrim e Cidade Alta, e Chiquinho da boate Paris, na Ribeira Boemia na cidade de Natal-RN. Também marcou presença, na boate de Hosana Dantas, na Rua Maciel Pinheiro no Centro de João Pessoa-PB. E outras mais.

Em 1954, tornou-se empreendedora da boate Nith Andei, na cidade de Caruaru-PE no Agreste Pernambucano. Já ano de 1963, passa a radicaliza-se em Fortaleza, Ceará. Sendo Ela, proprietária da boate Monte Carlos, com o apoio de seu irmão Menininho. E no ano de 1973 se estabelece em Guarabira-PB. Funda a boate Lourdes Drink’s. Quiçá, o mais longo apogeu de sua história.

 Jóias de ouros e brilhantes, carros importados arrebatadores, como o luxuoso Dodge Dart, o primeiro carro Puma a chegar à Guarabira, foi o de Madame Arara. Pois, Elizabete costureira, lembra muito bem, do glamour de suas encomendas de vestidos em seu atelier. Vestidos esses, que iriam ser usados em shows de estripitise, em sua boate, por suas “meninas”. O atelier de costura de Elizete, transformava-se o centro das atenções, quando essas mulheres iam provar suas vestes. 

O marketing de sua boate, era quando chegavam mulheres novas. Dava um passeio em seu possante Dodge Dart, no centro da cidade, indicando aos homens que tinha novidade no pedaço. E a noite, em massa, eles compareciam ao seu recinto. Contudo, na primeira metade dos anos 80, veio abrir mais outra boate, em Campina Grande, no bairro de Bodocongó, era a então, Mansão Drink’s.

Por tudo isso, digo que a morte de Maria de Lourdes Rocha Evans Heynom (Madame Arara), é reconhecida como o início da imortalidade, de um dos períodos clássicos da boemia. Período “Arariano”.

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Escritor: Josélio Fideles de Souza
Email: joseliofideles@bol.com.br
Celular: (83) 8706-5065

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