México proíbe culto em que mulheres faziam sexo com 'reencarnação de Cristo'

Autoridades mexicanas disseram ter acabado com um culto que supostamente administrava uma operação de escravidão sexual entre seus seguidores na fronteira com os Estados Unidos.

O grupo "Defensores de Cristo" supostamente recrutava mulheres para manterem relações sexuais com um espanhol que alegava ser a reencarnação de Cristo, de acordo com um funcionário de um grupo de defesa das vítimas, que falou sob condição de anonimato por não estar autorizado a falar publicamente sobre o caso.

Suas seguidoras foram submetidas a trabalho forçado ou serviços sexuais, incluindo prostituição, de acordo com o Instituto Nacional de Imigração que disse ter aberto um processo contra o culto há mais de um ano.

A Polícia Federal, agentes de Imigração Nacional do México e promotores do instituto invadiram uma casa perto de Nuevo Laredo no fim de janeiro e encontrou membros da seita, incluindo crianças, vivendo em péssimas condições, de acordo com uma autoridade do instituto.

Em um comunicado, o instituto disse que 14 estrangeiros foram detidos na operação e entregues ao Ministério Público, pendentes de possíveis acusações. Entre os detidos estavam seis espanhóis e brasileiros, bolivianos e venezuelanos. Uma argentino e um equatoriano também foram detidos.O Ministério das Relações Exteriores da Espanha confirmou que cidadãos espanhóis estavam entre os detidos.

Segundo o instituto, 10 mexicanos também foram encontrados na casa, principalmente mulheres, que estão, provavelmente, entre as vítimas do culto.

A Procuradoria Geral da República disse que a investigação ainda está decidindo o tipo de acusação que será formulada a partir do caso, se houver alguma. Dada a lealdade que foi construída ao longo dos anos, os promotores ainda estavam tentando descobrir quais dos detidos poderão ser considerados vítimas e quais seriam os responsáveis pelo abuso.

A declaração do instituto disse que os líderes da seita obrigavam os membros a pagarem o "dízimo", com dinheiro ou trabalho forçado. O instituto disse em um comunicado que os Defensores de Cristo eram liderados pelo cidadão venezuelano José Arenas Losanger Segovia.

Mas segundo o site da seita, o líder era o espanhol Ignacio Gonzalez de Arriba. Ele se estabeleceu no México há cerca de três anos, depois de ter vivido uma temporada no Brasil e em outras partes da América do Sul, segundo informou Myrna Garcia, ativista da Rede de Apoio às Vítimas de cultos que já trabalhou com vítimas dos Defensores de Cristo.

Ele começou a oferecer cursos de "bio-programação", uma prática esotérica que busca com que os praticantes "reprogramem" o cérebro para eliminar a dor, o sofrimento e ansiedade, segundo o Instituto.

Tanto Gonzalez de Arriba quanto Losanger Segovia não foram encontrados para comentar. Um número listado em uma propaganda para cursos de "bio-programação" foi desligado. Não ficou claro se eles estavam entre os detidos.

O culto prosperou em uma região do México, que é rigidamente controlada pelo cartel de drogas Zetas. O Departamento do Interior disse que os defensores do Cristo não haviam se registrado como um grupo religioso, conforme exigido pela lei mexicana. Garcia disse que células do culto ainda podem estar ativas no Peru e na Argentina.


Por Mark Stevenson

Detento em México um espanhol que diz ser Jesus Cristo

Detento em México um espanhol que diz ser Jesus Cristo

 Ignacio González de Acima lidera a seita “Defensores de Cristo”, a qual é pesquisada pela Procuradoria Geral da República; ele e 24 seguidores foram detidos.

Um espanhol que diz ser Jesus Cristo tem sido detido em Novo Laredo, México, junto a 24 de seus seguidores. Trata-se de Ignacio González de Acima, quem dirige uma seita batizada “Defensores de Cristo”.

A organização está a ser pesquisada pela Procuradoria Geral da República e no marco deste processo produziu-se a detenção em uma casa que a seita ocupava à altura do Quilômetro 14 da Estrada Nacional. No lugar encontravam-se cinco menores de idade que foram derivados a uma instituição do estatal.

O espanhol tem conduzido a seu grupo a várias partes do norte do território mexicano, como Torreón e Saltillo, Coahuila, e nos anos mais recentes a Novo Laredo.



FALAM OS DESERTORES
Desertores da seita têm declarado que Ignacio González promete a seus seguidores lhes ensinar como conseguir sucesso na vida, realizar milagres, curar doenças e afastar a dor. Como consequência, muitas destas pessoas terminaram sem dinheiro, sem família e destruídas psicologicamente.

O líder tinha sido denunciado diante das autoridades em várias oportunidades, mas esta é a primeira vez que se procede contra ele.
Uma das mulheres que abandonou a organização disse que tinha ficado unida à mesma quando em dezembro de 2008 procurou ajuda para superar a morte de seu filho de meses. Nesse momento ela tinha 28 anos. Um amigo falou-lhe da existência do Centro de Bioprogramação em Torreón, Coahuila, onde se ofereciam cursos para ensinar técnicas que permitissem “evitar a dor física, melhorar a autoestima, as relações familiares, desenvolver habilidades de comunicação”, segundo publicidade que Ignacio González pagava nos meios de comunicação.
Decidida a melhorar sua vida, esta mulher pagou 2 mil 500 pesos (145 euros) pelo primeiro curso e continuou pagando e assistindo a mais diplomados do centro. “Desafortunadamente, gostei o que escutei da primeira vez”, diz.



BIOPROGRAMAÇÃO
Nos cursos de ‘bioprogramação’ o líder elegia às pessoas que depois passavam a fazer parte de Defensores de Cristo”. Segundo declarações da jovem mãe, aos “eleitos”, aos “puros de coração”, prometia ensinar-lhes os preceitos para o “doutorado em metafísica teológica”.

Alguns destes preceitos eram: como fazer viagens astrais, como curar o cancer, usar “a energia piramidal para fazer milagres”, a hipnosis, como fazer exorcismos, evangelizar por internet, “aliviar” aos familiares de um falecido, como “fazer o milagre da prosperidade e bênção de negócios”.
Ser um “eleito” não era uma desculpa para não pagar os 180 mil pesos (10.400 euros) fixados para o doutorado. Para poder pagar essa quantidade, alguns membros da organização trabalharam no Centro mesmo. Isto facilitou que conhecessem a forma de operar de Ignacio González e seus colaboradores, o venezuelano José Losanger Areias Segovia e o boliviano Guillermo Rodrigo Bell.
Segundo declarações de alguns ex adeptos, Ignacio tem duas esposas: uma cidadã brasileira e uma mexicana. Seu grupo está composto por ao redor de 20 pessoas, entre quem estão os chamados ´apóstolos´.


SEXO, ENERGÍA E MAGIA
Outro dado revelado por alguns desertores é que para ser parte do agrupamento os discípulos deviam ter relações sexuais com os apóstolos e suas esposas. Para ser parte do círculo mais próximo a González tinham que procurar mulheres para que tivessem sexo com ele, porque “para eles o sexo era obter energia, ganhar vida e levar magia para o maestro”.


Ao compartilhar sua história, uma jovem reconheceu que é difícil achar que uma pessoa esteja disposta a ficar sem dinheiro, a vender um rim —como assegura que fez um dos seguidores—, a esquecer de sua família e dela mesma por um homem que se apresenta como líder, como o maestro ou o gurú.


“A verdade não te dás conta do que fazes. É tanto o dano psicológico, o controle que conseguem em ti que te vais submetendo”, disse.

Em setembro de 2010, ela teve um acidente automobilístico que a deixou em cama em vários dias. “Isso me salvou. A gente do grupo não me falou, nunca se preocupou por meu estado de saúde. Eu não tinha dinheiro nem comida nem nada. Aí dei-me conta de que eu não lhes importava, que só me utilizaram quando lhes era útil”.


SUBMETIMENTO PSICOLÓGICO
Nos cursos de ‘bioprogramação’ o líder elegia às pessoas que depois passavam a fazer parte de Defensores de Cristo”.O pesquisador Bernardo Barranco, especialista em temas religiosos, diz que a existência de grupos como os Defensores de Cristo se dá porque utilizam o fanatismo, ou adoutrinamento e submetimento psicológico. Assegura que seus seguidores perdem toda a razão depois de concretar seus fins econômicos e de poder. Também, aponta, podem existir porque há grandes vazios e omissões de autoridades.
Segundo declarações da jovem mãe, aos “eleitos”, aos “puros de coração”, prometia ensinar-lhes os preceitos para o “doutorado em metafísica teológica”.


“Precisamos autoridades mais pró-ativas, que não esperem que tenham escândalos de abusos religiosos para atuar”, adverte.



REDE DE APOIO
Para a jovem mãe que conseguiu escapar não tem sido fácil retomar sua vida. Ela se encontrou com a Rede de Apoio às Vítimas de Seitas (Ravics), organização que já denunciou diante a PGR a González de Acima, a Losanger Areias, Bell e a Tito Mernissi, pelos delitos de associação ilícita, defraudação, indução à prostituição, tráfico de mulheres e de órgãos, exercício ilegal da medicina e redução à servidão.

Héctor Navarro, advogado de Ravics, diz que sua organização recebe cada vez mais denúncias de pessoas que são enganchadas através de páginas de internet ou de cursos “que prometem sucesso monetário e cura imediata”.Além dos Defensores de Cristo, Ravics também acusa a Nova Acrópolis de captar a jovens através de cursos para depois integrar a um agrupamento que utiliza símbolos nazistas.

Internet é um dos meios de difusão que mais utiliza a organização que dirige Ignacio González. Seus cursos, “curas” e sua defesa de que ele é Cristo se pode encontrar em blogs ou páginas que falam dos Defensores de Cristo e Centro de Bioprogramação.

Ignacio González de Acima era conhecido em Gijón antes de marchar-se a México. Se publicitava como "sacerdote cristão" e mestre samurai e da "bioprogramação". Deixou depois de si uma lista de queixas e denúncias que lhe levaram a abandonar o país. Em Espanha abandonou seus negócios imobiliários com numerosas dívidas e com uma investigação de Fazenda. 

 http://www.protestantedigital

 http://www.bioprogramacion.com/09.html
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