Um médico pediatra receitou nebulização com vodca Orloff para um bebê de
seis meses que sofria de tosse intensa, na última segunda-feira (11),
em Aracruz (ES), a 80 km de Vitória.
A agente de saúde Luana Tomaz, 22, levou seu filho Aryel ao
pronto-socorro do Hospital São Camilo, em Aracruz, no fim da tarde de
segunda.
Segundo a mãe, uma médica atendeu o bebê, pediu um raio-X e um
exame de sangue.
“Com o raio-X, falou que era uma sinusite muito forte, receitou duas
nebulizações com Berotec e pediu para passar com outro médico assim que o
outro exame estivesse pronto”, contou Luana.
Por volta das 23h, a mãe levou o bebê ao pediatra de plantão.
O médico
examinou Aryel, disse que o peito do menino estava chiando e receitou
soro e uma nebulização com Berotec, Atrovent e vodca Orloff, de seis em
seis horas, por uma semana.
“Ele ainda falou ‘você conhece, mãe, um remedinho chamado vodca? Vodca
de supermercado?’ Achei que era brincadeira”, disse Luana.
Na manhã seguinte, com a receita em mãos, a mãe foi a uma farmácia, onde
descobriu que, de fato, o médico havia receitado nebulização com uma
bebida alcoólica.
Luana foi correndo com seu filho passar por consulta com outro médico,
que desautorizou o uso de vodca.
“Sei de outra mãe que também passou pela mesma situação que eu. Ainda
não sei que atitude eu devo tomar”, contou.
A advogada Kath Menezes, que representa Luana, afirmou estar estudando o
caso e ainda não sabe se irá tomar alguma medida judicial.
“Vamos, pelo menos, pedir no Conselho Regional de Medicina (CRM) que a
conduta do médico seja apurada.
Não queremos denegrir a imagem de
ninguém”, afirmou.
O CRM do Espírito Santo orientou a mãe a pedir um parecer ao órgão e à
Sociedade de Pediatria do Estado, mas afirmou ainda não ter recebido
nenhum pedido.
O Hospital São Camilo também deve pedir um parecer do CRM.
Um
representante do hospital afirmou ao UOL que o médico trabalha há apenas
11 meses no local, mas que tem uma vasta experiência na área.
“Não foi algo totalmente fora da realidade. Sabemos que antigamente este
tipo de medida [receitar vodca a um paciente] era usada.
Mesmo assim,
vamos consultar o CRM”, afirmou a funcionária do hospital que não quis
se identificar.
O médico que receitou a vodca ao bebê de seis meses não foi localizado
pela reportagem.
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