Mediante uma política de esquecimento sobre os traumas deixados pela ditadura militar, que só recentemente vem sendo combatida com as instalações das Comissões da Verdade em todo o país, a professora Susel Oliveira da Rosa, do Departamento de História do Campus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Guarabira, lançou, nessa quarta-feira (9), no Auditório do Centro de Humanidades, o livro “Mulheres, ditaduras e memórias: ‘não imagine que precise ser triste para ser militante’”.
A obra traz narrativas singulares sobre a trajetória de algumas mulheres que passaram pelos mais variados tipos de tortura física e mental por terem lutado contra os regimes ditatoriais na América Latina. Trata-se de um trabalho de História Oral e um estudo de gênero elaborado a partir de entrevistas e pesquisas realizadas em jornais e cartas escritas na época pelas envolvidas na trama.
“São narrativas que exprimem o dever revolucionário. Busca-se conferir espaços para essas memórias. O tema, além de fundamental para a elaboração do trauma individual e coletivo recente na história do país, refere-se, em especial, à história das mulheres (história muitas vezes relegada ao silêncio). Todas as mulheres que aparecem no livro não estão mais vinculadas a partidos políticos, mas continuam engajadas com as causas sociais e humanitárias”, ressaltou a pesquisadora.
SUSELResultado de três anos de pesquisa, o livro contém 326 páginas e está dividido em três partes. Em cada uma delas são enfatizadas as histórias vivenciadas pelas sobreviventes de uma sociedade onde a ditadura potencializou inúmeras formas de repressão. Presas, torturadas e violentadas, Nilce Cardoso, Danda Prado e Flávia Schilling são mulheres que produziram modos singulares de existência e resistência durante a ditadura militar.
Entrelaçando memória individual e coletiva, o livro também aborda trajetórias de outras mulheres com ímpetos revolucionários: Delsy Gonçalves de Paula, Yara Gouvêa, Cícera e Jacilene, Vera Magalhães, Alda Mabel, Lia Maciel, “Oso Ogui”, “Anônima” e “Toddy”.
A professora Susel Oliveira da Rosa, que é Pós-doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), há alguns anos desenvolve pesquisas sobre a ditadura civil-militar no Brasil. Seu primeiro livro, “A biopolítica e a vida que se pode deixar morrer”, lançado em 2012, trata de histórias de pessoas que morreram sob tortura durante e após o regime ditatorial.
Ficha Técnica
Título: Mulheres, ditaduras e memórias: ”não imagine que precise ser triste para ser militante”
Editora: Intermeios/Fapesp – São Paulo
Ano: 2013
Valor: Custa R$ 25,00 (a obra pode ser adquirido na Secretaria do Departamento de História do Campus III).
Ascom-CH
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